Capitão da Polícia Militar que participou da implantação da iniciativa diz que crimes caíram com o aumento da solidariedade entre moradores
Uma iniciativa da Polícia Militar do Estado de São Paulo que começou em um bairro de São Paulo e se estendeu para outras localidades da cidade tem contribuído para reduzir os índices de crimes praticados em edifícios e residências. O Vizinhança Solidária vem ganhando os moradores que, por meio do programa, se aproximaram dos vizinhos consolidando uma rede solidária de prevenção à segurança.
Tudo começou em 2009 por sugestão da 2ª Cia do 23º Batalhão da Polícia Militar aos síndicos e zeladores dos edifícios do Bairro do Itaim Bibi, zona Sul da Cidade. Os policiais passaram a promover palestras e reuniões periódicas com os funcionários sobre os principais fatores de risco que envolvem a segurança dos condomínios e a distribuir folhetos para os moradores.
A experiência tomou conta de 136 condomínios e em 2013 passou a ser repetida em residências dos bairros na região dos Jardins Paulista, Paulistano, Europa e América. Hoje, está presente em aproximadamente mil moradias da região, cujos moradores participam de reuniões periódicas com a Polícia Militar.
“Inicialmente é feita uma exposição primária aos moradores para que eles evitem riscos desnecessários. A inspiração vem do artigo 144 da Constituição Federal que diz que o Estado é o responsável pela Segurança Pública e que as pessoas são co-responsáveis. Assim, na medida em que o trabalho foi sendo desenvolvido, as pessoas passaram a se integrar uma com as outras e a trocar o número de telefone entre elas e ajudar a vigiar a casa do vizinho, incluindo o uso do aplicativo ‘WhatsApp’ “, conta o capitão Marcos Daniel Fernandes, responsável pela 2ª Cia do Batalhão da Polícia Militar.
“O nível de preocupação mudou”, afirma. “As pessoas deixaram de olhar do portão para dentro para olhar do portão para fora. Houve uma mudança de visão e de comportamento e elas passaram a exercer a cidadania”, complementa Fernandes.
Depois de uma reunião inicial de mobilização, a população passa a se reunir com mais frequência. Os encontros se dão geralmente em escolas, mas também já foram feitas em igrejas ou clubes, e até mesmo em residências de alguns moradores. “O importante é que as pessoas se reúnam nos locais de mais fácil mobilização e que atraiam o maior número de pessoas”, afirma Fernandes.
Os moradores passaram a observar as situações suspeitas como a de um automóvel estranho estacionado em um determinada rua ou uma pessoa desconhecida que não costuma frequentar o bairro e, antes de o crime ser praticado, comunicam a polícia preventivamente. “Quem melhor conhece a rua é a pessoa que mora nela. Ela é que sabe se o carro ou a pessoa apresenta um comportamento que chama a atenção”, ensina Fernandes.
Também passaram a afixar placas nas casas com o nome do programa Vizinhança Solidária para comunicar que elas estavam sendo vigiadas pelos vizinhos e que qualquer ocorrência estranha será comunicada para a Polícia Militar, por meio do telefone 190.
A mobilização serviu de alerta e de intimidação para os ladrões e quadrilhas especializadas em assaltos à residências. Em consequência a ocorrência dos crimes como assaltos e furtos caiu sensivelmente, segundo o capitão Fernandes, assim como outros delitos como furtos de veículos e de moradores.
O programa ganhou repercussão em outras localidades e foi divulgado em outras regiões com a ajuda de participantes dos Conselhos de Segurança (Consegs). Atualmente está em fase de implantação no bairro do Butantã e já é de conhecimento de outros municípios como Sorocaba, no interior de São Paulo. Alguns moradores de fora vieram conhecer a experiência interessados em implantar a novidade em outras regiões.
Os moradores de outras localidades que queiram saber mais detalhes sobre o Vizinhança Solidária devem procurar o Conseg de sua região e o Comando da Polícia Militar local.