Instalação de câmeras de segurança, equipamentos eletrônicos de última geração, cuidados redobrados com visitantes e com o recebimento de mercadorias, treinamento de funcionários das portarias são algumas das medidas adotadas pelos condomínios da cidade para aumentar a segurança. Com o objetivo de formar bolsões de segurança entre prédios residenciais e comerciais, o programa Vizinhança Solidária orientas porteiros a se comunicarem através de rádios ou telefones informando situações suspeitas na rua e a acionarem a polícia nessas ocasiões. A síndica Luzia Maziero Fernandes participa do projeto desde o início, em 2009, e agora é a coordenadora do grupo Vizinhança Solidária do Itaim Bibi. “Começamos com 11 condomínios e hoje temos 103 em ruas do bairro.” Ela conta que existe uma parceria do grupo com a polícia, por intermédio do Conselho Comunitário de Segurança (Conseg) da região. Pelo acerto, a polícia tem o compromisso de realizar palestras semestrais com os síndicos e porteiros dos condomínios, alertando e dando dicas de segurança. E, segundo Luzia, este ano a intenção é crescer e fazer com que os moradores também participem das palestras. Dificuldade. “Os moradores não querem acender a luz interna do carro, abrir o vidro, querem que eventuais entregadores subam até o apartamento. Os próprios funcionários pedem para que eles participem”, diz a síndica.
O grupo do Itaim, coordenado por Luzia, tem um estatuto com regras, normas e encontros mensais para discutir o desenvolvimento do projeto. “O porteiro não deixa a função dele de cuidar da portaria, ele não fica apenas olhando o que acontece na rua, mas fica atento e qualquer atitude suspeita avisa os outros edifícios. É um projeto de segurança, de melhoria para o bairro, que está dando certo. É um caminho sem volta.” A favor. O presidente da Associação das Administradoras de Bens Imóveis e Condomínios de São Paulo (Aabic), Rubens Carmo Elias Filho, diz que a entidade é favorável ao programa Vizinhança Solidária. “Apoiamos porque é um projeto inteligente que tem a participação da sociedade.” Elias Filho conta que, assim que a Aabic teve conhecimento da parceria entre Secovi e Secretaria de Segurança, a entidade repassou as informações para administradores de condomínios. “Todos devem estar cientes dos movimentos em prol da segurança dos edifícios.” Segundo o vice-presidente de administração imobiliária e condomínios do Sindicato da Habitação (Secovi-SP), Hubert Gebara, o sindicato decidiu estimular e conscientizar os prédios a respeito da importância de participar do projeto. “A assinatura do protocolo de intenção tem o compromisso de unir os esforços para divulgar o programa, com folhetos, palestras e orientações.” “O projeto está dando certo e contamos uns com os outros” O programa Vizinhança Solidária surgiu após um grupo de síndicos do Itaim Bibi procurar a Polícia Militar para discutir medidas preventivas de segurança, em 2009. Naquela época, a representante desse grupo foi Maristela Veloso Campos Bernardo, que era subsíndica e decidiu tomar essa atitude depois que o apartamento de sua filha, mais três outros imóveis no mesmo prédio, terem sido invadido em um domingo a tarde. “Escrevi uma carta e entreguei pelas ruas convocando os síndicos para uma reunião. Reunimos 23 pessoas e criamos uma comissão de segurança.”
Ela conta que o nome Vizinhança Solidária já existia e o grupo criou a placa em 2011. “Hoje, mesmo com muitos condôminos que não aceitam as regras, o projeto está dando certo. Sabemos que podemos contar uns com os outros”, diz. O diretor de Polícia Comunitária e Direitos Humanos da Polícia Militar de São Paulo, coronel Glauco de Carvalho, diz que o programa Vizinhança Solidária está inserido no projeto de policiamento comunitário. O coronel conta que foi síndico e sabe que uma das maiores dificuldades é conquistar o envolvimento dos moradores. Também por isso ele destaca a importância da parceira com o Secovi-SP. “O Secovi tem acesso a uma rede muito grande de condomínios”, diz. Expansão inclui acordo entre instituições Para o vice-presidente de administração imobiliária e condomínios do Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi-SP), Hubert Gebara, o projeto Vizinhança Solidária aumenta a segurança dos porteiros e dos moradores dos edifícios. Gebara reforça a importância do acordo com a Secretaria de Segurança como um esforço para melhorar a segurança nos prédios. Segundo ele, esse é um passo na direção certa, um modelo que poderá ser seguido. “A parceria deu certo”, diz. O vice-presidente do Secovi-SP destaca que o programa já foi implantado em outras cidades do País. No Recife (PE) o projeto existe desde 2004 e é conhecido como “Programa de Olho na Rua” e possui grande abrangência. “Com a participação de administradores de condomínios, síndicos e trabalhadores o programa conquistou maior adesão e hoje são mais de 100 edifícios participantes”, informa. Integração. De acordo com o coronel Glauco de Carvalho, diretor de Polícia Comunitária e Direitos Humanos da Polícia Militar de São Paulo, programas semelhantes ao Vizinhança Solidária existem há 30 anos em países como Inglaterra e EUA que chegaram a à conclusão de que o poder público sozinhos não resolveria os problemas de segurança pública.
“Diante disso, a sociedade civil organizada começou a tomar providências pela segurança. O Vizinhança Solidária está inserido nessa teoria mais ampla, de posturas da comunidade para auxiliar a polícia”, diz. O coronel esclarece que dentro do programa são estabelecidos contatos e canais diretos entre os condomínios para que eles possam tomar algumas medidas de segurança. “É um projeto muito bem integrado, por isso que necessita do envolvimento das pessoas”, conta. Segundo o coronel, o comando da corporação vai desenvolver uma sequência de cinco seminários para incentivar projetos ligados ao policiamento comunitário, como o Vizinhança Solidária. “As pessoas precisam estar conscientes da importância do projeto. Elas precisam saber que é importante para a instituição e para a sociedade. Entender o valor do projeto”, diz. O coronel Glauco informa que a Polícia Militar desenvolverá um projeto quadrimestral com informações e dicas de segurança para os condomínios, com a intenção de atingir 15 milhões de pessoas no Estado de São Paulo – que é também a estimativa do Secovi, “por isso a importância da parceria com a entidade”, completa o coronel.